13.2.09

É de noite este poema,
inteiramente deitado,
e sou assim nas tuas coisas,
um sonho dentro de outro sonho,
e no teu corpo o mar,
e todo o mundo a nascer,
e as palavras,
como uma onda na garganta,
com o sal a rebentar,
e eu sabendo-me,
a seguir-te o rasto em silêncio,
para subir-te em degraus,
e à porta do teu amor,
nesse tempo onde ficamos,
acendidos pelos lábios,
no meio de palavras lentas,
a tua boca como dicionário,
daqueles,
em todas as línguas de um língua só nossa,
porque inventamos onde os outros esquecem,
e abres-te,
para que eu entre na tua casa,
a noite toda até que se curve o dia,
e escreves o sentir nas minhas costas,
e todas as gotas de orvalho juntas,
porque sou assim no teu corpo,
no teu nome,
por dentro do teu nome,
sou assim,
carne desta coisa quase poema,
porque este é o reino,
e tu,
aRainha.

Nenhum comentário: