17.3.09

 
Meu amor,
vou dizer-me:
Restas-me tu,
tu e esse livro
onde aprendi o que sei,
pois visto a tua carne
e escrevo-te com a pele
na cor do teu nosso,
planalto e abismo,
porque sou da terra
e tu és do sonho,
para que sopres
e que eu pouse no cimo das coisas,
que és tu,
tu que eu grito
e folheio em suor,
nesse tamanho
que me deixa sempre à sombra
e o teu peso nas minhas mãos.
Amor,
deixa-me nos ramos
que eu quero o teu beijo,
nos dias tristes
entre as folhas
porque eu sou o inverno,
mas tenho na boca um jardim
para poder partir apetecido,
para que tu vivas
porque isto é o que eu sou,
vento,
e é tudo.
oMortegrafia: Lissa Hatcher

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