Derrama os teus sentidos,
Entre os oceanos das nossas peles,
Tu és uma onda e a tua boca sal,
Sem dispersar uma partícula,
Entre os fundos desse chão,
Ó Vós,
Sem palavras entre os corpos,
Derramando o anoitecer entre as sedes,
Que a nossa saudade polvilha.
És a minha harpa,
E este é o eclodir,
E tiramos a roupa,
Eu rasgo-a simplesmente,
Limitando-me aos poros,
Desta mesa composta de luz de Lua,
E convidamos o silêncio,
Na batida do batimento que o coração bate,
O teu no meu,
O meu no teu,
Naquele ritmo comum,
Onde caminham lado a lado,
Como as mãos quando se entregam,
Unas e fecundas,
Entre um caudal de constelações,
Que os gemidos abrem,
Como uma ferida que não sangra,
Vomitando o desejo,
Que todos os orgasmos falam,
Sem infinito eco,
Na elasticidade deste som,
Como uma radiografia de quem fode o amor,
Nas contracções do verbo ser,
Na primeira pessoa do plural,
Neste presente deste indicativo,
Porque no fim,
Nada mais sobra,
Nada mais existe além deste resto,
Além de ti,
Além de mim,
Porque caminhamos juntos,
E seguimos sombras,
Na distância entre as palavras e os olhos,
Que os teus escrevem,
Neste ecrã,
Submisso e ausente,
Do medo do silêncio,
Nosso.
3 comentários:
Olá
Um poema de sonho, para dar a ler ao ser amado.
Porém, consiste em proposta interessante, para ser vista aqui.
Daniel
Muito bom...
Sorriso:)
Olás!
Um abraço para vós.
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